Ah, o Brasil e seu povo malemolente, caloroso e acolhedor.
O que, em um avião lotado voltando de qualquer lugar do mundo para Pindorama, quer dizer mal educado, barulhento e metido a ixperto.
Hordas de adolescentes tardios carregados com sombreros, tacos de hockey e malas muito maiores que o permitido entraram junto comigo para dentro do avião e começaram a gritar uns para os outros.
Fiquei sabendo de detalhes de viagens que não queria saber – Zezinho ficou com Mariazinha quando ela ficou bêbada no bar do hotel em Las Vegas, João estourou o cartão de crédito dele e o do sogro, Carlão comprou 8 pares de tênis da Nike, Jânio trocou as etiquetas de preço em uma loja e comprou uma bota 30 dólares abaixo do preço real, Jacinta viu uma promoção fabulosa na Victoria’s Secret mas, como não entendia nada o que as vendedoras falavam com ela, saiu de lá xingando todo mundo e sem comprar nada.
E todo mundo berrava em celulares, também (eu estou sem um celular para chamar de meu há um ano, e nunca pensei que pudesse ser tão feliz).
Mas, eventualmente, a porta do avião se fechou, ele começou a taxiar e o vôo de 6 horas até Manaus prometia ser tranquilo. Exceto pelo fato de que as duas mocinhas que estavam sentadas ao meu lado sairem a cada 15 minutos para ir ao banheiro, conversar com as amigas que estavam sentadas mais a frente ou mais atrás no avião ou, simplesmente, para esticar as pernas. Como eu estava no corredor, eu tive que me levantar para que elas saissem cada uma das vezes.
Mas vi um bom filme (Gran Torino, apesar do sistema de som estar muito ruim) e comecei a rever Watchmen, mas desisti depois que vi que o filme estava todo cortado, censurado.
(pensamento solto do dia: Americano é um bicho engraçado: qualquer criança de 6 anos pode assistir a um massacre perpretado por machados, serras elétricas, armas de qualquer calibre, decapitações, limpeza étnica, o que for, que ninguém acha preocupante. Mas coloca algo que possa ter a mínima relação com sexo – de um ator ou atriz em uma cena de nudez ou até uma mãe amamentando um bebê – que as imagens vão ser editadas grosseiramente, até mesmo para deixar claro que há uma preocupação com o fato. Fecha parentesis).
Então, depois de desistir de ver um mutilado Watchmen, fiquei cochilando, me levantando para deixar as moças sairem de novo, lendo o livro do Dewey, me levantando, lendo a revista de bordo, me levantando, vendo alguns programas de tv, me levantando e comendo o lanchinho oferecido.
Sinto muito, não consegui até hoje descobrir o que eles serviram, então desista de ouvir uma descrição sobre isso.
E, como não há bem que sempre perdure, nem mal que nunca acabe, chegamos à Manaus.
Dois aviões chegaram mais ou menos ao mesmo tempo, e só haviam 2 funcionários da alfândega para receber todo mundo. Sério, quando viram meu formulário preenchido com um “nada a declarar”, eles quase me beijaram em agradecimento.
Entro no terminal e descubro que não entendo mais nada.
Manaus. Calor. Umidade.
E praticamente todas as mulheres no aeroporto vestiam alguma variação de jeans apertadíssimo com botas e casaquinhos de lã. Vi até uns dois cachecóis. E isso dentro de um aeroporto onde o sistema de ar condicionado estava, obviamente, desligado.
Mas entro para a sala de embarque e o vôo para Brasília já está anunciado. Fico escutando Skank no MP3 para me dar as boas vindas à pátria amada mãe gentil e espero 40 minutos na fila até chamarem para o embarque.
Desmaiei até chegar em Brasília, as 7 da manhã de sexta feira, dia 18 de julho.Agora sim, as férias iriam começar.
This entry was posted
on 12 de ago. de 2009
at quarta-feira, agosto 12, 2009
and is filed under
Viagem
. You can follow any responses to this entry through the
comments feed
.