Da interatividade dos gatos  

Posted by Max Amaral. in ,

Toy, o poodle branco que dividia o apartamento com minha mãe e irmã morreu há algumas semanas, depois de 14 anos de serviços prestados ao stress e à alegria das duas.
Só quem convive com um bichinho em casa sabe a dor que é perder um amigo desses, e nem quero pensar na hora de nos despedirmos do O'Malley, da Manu ou da Joey.
De todo jeito, conversando com minha mãe, me preocupei com a idéia dela de adotar outro cachorro para, de um jeito meio torto, "substituir" o Toy. E me preocupei porque, sinceramente, não acho que elas tenham o perfil ideal para um dono de cachorro. Cachorros precisam de atividade, têm que sair de casa pelo menos duas vezes por dia, ter espaço para correr, para gastar energia. Não é um bicho para ficar sozinho dentro de um apartamento pequeno o dia inteiro, isso é receita para um bicho infeliz e doente. Elas até que conseguiram "manejar" o Toy durante esses anos todos, mas ainda acho ruim para os bichos.
Aí, eu sugeri que elas pensassem em adotar um gato, no lugar de um cachorro.
Gatos se viram melhor sozinhos, não precisam sair de casa, não se estressam tanto, têm um ritmo mais "devagar" que combina com elas, não requerem tantos cuidados com limpeza, não precisam (nem devem) ser confinados a um lugar específico da casa para passar a noite, são carinhosos, etc, etc...
E fiquei (mais uma vez) surpreso com a quantidade de preconceitos e idéias completamente espatafúrdias que as pessoas têm dos bichanos.
Gatos são traiçoeiros.
Gatos são interesseiros.
Gatos não gostam das pessoas, só do lugar onde vivem.
Gatos não interagem.
Putz, de onde é que essas idéias surgem?
Como é que esses mitos podem ser aplicados ao O'Malley, minha sombra, que anda atrás de mim onde quer que eu vá dentro de casa?
Ou à Manu, que se joga de barriga para cima todas as manhãs, como um sinal de "bom dia" ou fica buscando os bichinhos de pelúcia dela para que os coloquemos de volta no lugar e o ciclo se reinicie eternamente?
Ou à Joey, me esperando todas as noites no quarto para brincar por, pelo menos, 15 minutinhos - e ai de mim se não der essa atenção a ela, fica uns dois ou três dias sem "falar" comigo, emputecida.
O'Malley, brincando de brigar comigo, brincadeira de menino. Ou implorando, incansável, para que abramos a porta e o deixemos ir lá fora curtir um friozinho?
Manu, se esfregando em nossas pernas para pedir comida - e, depois que damos, se esfregando nas nossas pernas para agradecer.
Joey, subindo na cama e oferecendo a cabeça para ser acarinhada duas, três, quatro vezes antes de se dar por satisfeita e se enrodilhar colada com a gente, ronronando?
O'Malley, se deitando no sofá enquanto vemos tv e usando meu braço como travesseiro. Ou, pelo menos, encostando uma pata em mim, só dormindo depois que "fecha o curto".
Manu, miando como se estivesse chorando quando a deixamos no andar de baixo e subimos para o quarto sem, oficialmente, chamá-la.
Joey, que atende pelo nome, e sabe direitinho quando estamos chamando para dar carne para ela.
O'Malley, que se recusa a sair do lugar enquanto não o cumprimentamos quando chegamos em casa. Ou que pede para abrir a torneira da banheira para beber água de um filete ali. Ou que se senta na frente do potinho de água esperando que o limpemos e coloquemos água fresca para poder beber?
Ou...
a lista é interminável, e chata para quem não é gatófilo (acho que é chata até para quem é, desculpa aí).
De todo jeito, acho que minha mãe e minha irmã têm um perfil muito mais adequado para ter um gato que um cachorro, mas não sei se isso vai acontecer. E fico triste ao ver que isso só acontece por conta de um monte de inverdades que existe por aí e que, traiçoeiramente, viram "senso comum".
Enfim.

This entry was posted on 29 de out. de 2010 at sexta-feira, outubro 29, 2010 and is filed under , . You can follow any responses to this entry through the comments feed .

5 pitacos

Anônimo  

Max,
eu sou, basicamente, uma dog person quando se trata de ter bicho em casa, mas adoro gatos. Aliás, gosto é de tudo quanto é bicho, que a casa onde eu morava na Pampulha era um mini-zoológico. Mó saudade de ter uma coisinha qualquer em casa, tou quase adotando a lagartixa que apareceu outro dia aqui no apartamento. Essas desculpas que as pessoas dão são totalmente descabidas, tem bicho interativo e 'desenterativo' por toda parte.
A gente tem preferências, claro (eu gosto mesmo é de cachorrão!), mas daí a decidirem que um bicho é assim, outro é assado, é perder a chance de conviver com criaturas muito interessantes (muitas até bem mais interessantes do que certos ceresumanos com quem a gente tromba...)
bjk
Mônica

1 de novembro de 2010 às 12:16

Tbm acho que deve haver um grieving period aí...
Mas gato, tbm n~eo é para quem ainda não está 'aberto' pro lance.
Tudo que vc disse é pra lá de verdade, mas se elas ainda não tomaram 'kuat'... sugiro mais do que nunca este período de espera.

3 de novembro de 2010 às 10:59

Monica, eu nunca pensei em ter bichos na vida. Não achei que fosse do meu perfil, sacumé? Mas, juntando com a Dê, nos descobrimos prontos para os gatos, e acho que nos demos bem nessa escolha. E embora eu ache bacana um cachorrão, também (se eu dia eu tiver um, vai ser um labrador, já está decidido), me canso só de pensar em quanta atenção vc tem que dar para o bicho...

E Sora, vc está certa: elas precisam muito desse "periodo de luto". Ou vão se arrepender. Já falei isso pr'elas, também, e vou mandar que elas visitem vc para uma conversa séria sobre gatos. Te vira, não mandei ser cumadi...

5 de novembro de 2010 às 13:47

Quando a pessoa decide ter um bichinho, tem que assumir, tem que cuidar, dar carinho, atenção, tem que ter tempo e disponibilidade... É uma decisão séria.
Chico Xavier fala (nos livros) que os bichos têm alma. E quem duvida??? A gente tem que estar preparada pra tudo isso.

7 de novembro de 2010 às 09:30

Pode mandar! Eu apronto um chazim la em casa...

8 de novembro de 2010 às 07:49

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