A dica do Fernando sobre o artigo do NY Times falando sobre a situação das mulheres no mundo – principalmente na Ásia e na África - foi excelente, mas originou duas discussões paralelas (no blog dele e aqui em casa) que, de alguma forma, convergem.
No blog do Fernando, voltado principalmente para a discussão de assuntos ligados à arquitetura, a pergunta que nos persegue há gerações: por que diabos tão poucas arquitetas se tornam “estrelas” da profissão?
Aqui em casa, onde eu tenho que lidar diariamente com uma feminista radical que se revolta com cada manifestação do desrespeito às mulheres no mundo (a Dê não se conforma quando vê uma muçulmana com os cabelos cobertos, por exemplo. Aquilo a ofende pessoalmente) a pergunta é: por que é que mulheres em posições de poder ao longo da história aparentemente nunca fizeram nada para melhorar a situação das mulheres em suas sociedades?
Não acho que vamos achar respostas para essas perguntas.
Mas é curioso ver como existem exemplos que nos deixam ainda mais encafifados. Veja, por exemplo, o caso da Julia Morgan, arquiteta, uma das profissionais mais produtivas nos EUA na virada do século XIX para o XX.
Uma mulher.
Pois é, ninguém nunca ouviu falar nela (eu nunca tinha ouvido).
Ela foi a responsável pelo megalômano projeto da casa do William Randolph Hearst, magnata das comunicações (mais conhecido pela caricatura dele feita em Cidadão Kane), que demorou 25 anos para ficar pronta e custou mais de 4 milhões de dólares na época (os honorários da Morgan foram de 75 mil dólares durante esses 25 anos, somos mal pagos desde sempre).
Pois então.
Ela fez engenharia em Berkeley (não havia curso de arquitetura lá na época) e foi a primeira mulher a receber o diploma de arquiteta na École des Beaux Arts de Paris. Teve mais de 700 projetos construídos e poderia ter mudado tudo para as mulheres na profissão mas, de novo, nós mal ouvimos falar dela.
Por que?
E as mulheres poderosas ao longo da história? Hatshepsut, Cleópatra, Eleanor de Aquitânia, Elizabeth I, Catarina da Rússia, Rainha Vitória, Rainha Margot. Nenhuma delas, aparentemente, fez nada para mudar a situação das mulheres durante suas respectivas épocas. Por que?
Na verdade, a tese que parece ser a mais crível é que essas mulheres tinham que fazer um esforço absurdo simplesmente para se manter no poder ou vivas. Dá para citar vários reis, imperadores, governantes fracos, ineptos, incompetentes, mas que mantinham o poder com facilidade. As mulheres estavam sempre no fio da navalha, qualquer mínimo sinal de fraqueza serviria de desculpa para alijá-las do trono (ou alguém acha que se o Presidente dos EUA hoje fosse a Hillary Clinton ao invés do Obama a vida dela não estaria sendo muito mais difícil?!!?).
E havia ainda a cultura da sua própria época.
O movimento das sufragistas (a luta das mulheres em todo o mundo para ter o direito de votar) era enfraquecido principalmente pelas próprias mulheres, que não viam direitos políticos como um objetivo a ser buscado. A maior parte das mulheres que se lançavam em uma vida “pública” lutavam em ligas pela moralidade ou contra a bebida.
Enfim, uma discussão sem fim. Mas muito interessante.
No blog do Fernando, voltado principalmente para a discussão de assuntos ligados à arquitetura, a pergunta que nos persegue há gerações: por que diabos tão poucas arquitetas se tornam “estrelas” da profissão?
Aqui em casa, onde eu tenho que lidar diariamente com uma feminista radical que se revolta com cada manifestação do desrespeito às mulheres no mundo (a Dê não se conforma quando vê uma muçulmana com os cabelos cobertos, por exemplo. Aquilo a ofende pessoalmente) a pergunta é: por que é que mulheres em posições de poder ao longo da história aparentemente nunca fizeram nada para melhorar a situação das mulheres em suas sociedades?
Não acho que vamos achar respostas para essas perguntas.
Mas é curioso ver como existem exemplos que nos deixam ainda mais encafifados. Veja, por exemplo, o caso da Julia Morgan, arquiteta, uma das profissionais mais produtivas nos EUA na virada do século XIX para o XX.
Uma mulher.
Pois é, ninguém nunca ouviu falar nela (eu nunca tinha ouvido).
Ela foi a responsável pelo megalômano projeto da casa do William Randolph Hearst, magnata das comunicações (mais conhecido pela caricatura dele feita em Cidadão Kane), que demorou 25 anos para ficar pronta e custou mais de 4 milhões de dólares na época (os honorários da Morgan foram de 75 mil dólares durante esses 25 anos, somos mal pagos desde sempre).
Pois então.
Ela fez engenharia em Berkeley (não havia curso de arquitetura lá na época) e foi a primeira mulher a receber o diploma de arquiteta na École des Beaux Arts de Paris. Teve mais de 700 projetos construídos e poderia ter mudado tudo para as mulheres na profissão mas, de novo, nós mal ouvimos falar dela.
Por que?
E as mulheres poderosas ao longo da história? Hatshepsut, Cleópatra, Eleanor de Aquitânia, Elizabeth I, Catarina da Rússia, Rainha Vitória, Rainha Margot. Nenhuma delas, aparentemente, fez nada para mudar a situação das mulheres durante suas respectivas épocas. Por que?
Na verdade, a tese que parece ser a mais crível é que essas mulheres tinham que fazer um esforço absurdo simplesmente para se manter no poder ou vivas. Dá para citar vários reis, imperadores, governantes fracos, ineptos, incompetentes, mas que mantinham o poder com facilidade. As mulheres estavam sempre no fio da navalha, qualquer mínimo sinal de fraqueza serviria de desculpa para alijá-las do trono (ou alguém acha que se o Presidente dos EUA hoje fosse a Hillary Clinton ao invés do Obama a vida dela não estaria sendo muito mais difícil?!!?).
E havia ainda a cultura da sua própria época.
O movimento das sufragistas (a luta das mulheres em todo o mundo para ter o direito de votar) era enfraquecido principalmente pelas próprias mulheres, que não viam direitos políticos como um objetivo a ser buscado. A maior parte das mulheres que se lançavam em uma vida “pública” lutavam em ligas pela moralidade ou contra a bebida.
Enfim, uma discussão sem fim. Mas muito interessante.
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on 8 de set. de 2009
at terça-feira, setembro 08, 2009
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