Erica querida  

Posted by Max Amaral. in

Erica querida, venha mesmo, por favor.
É mundo grande, fresco e lindo
(Mas Wilde estava tinindo,
o elenco é um terror)

É um mundo bom e colorido,
cheio de flocos de algodão
É um mundo escuro e abafado
Idiotas na contramão

Temos sombra, luz e fúria,
como disse uma cara aí
E fatos científicos, sem lamúria:
Lobisomem, mula-sem-cabeça e saci

Algumas pessoas serão agradáveis,
Algumas você irá odiar
Algumas músicas são adoráveis,
Outras, são de amargar

Tem coca-cola, jabuticaba,
Bach, Verissimos, Chico e Jobim
Tem canetinhas, tem limonada
E Monsieur Poirot, um filmim

Tem tomates, ricota, alfajor
A cor roxa, caderno novo, cachorrinhos
Melville, cheiro de gasolina, amor
e uma porção de gatinhos

Chore no banho, cometa poemas
Crie um peixinho, aprenda balé
Fuja com o circo, colecione problemas
(nunca beije tocadores de oboé)

Você vai ver coisas incríveis
Vai realizar tanto, vai ser capaz de amar
Vai ver pores do sol, chuvas terríveis
E por favor, aprenda a cantar

Dores vão paralisá-la, meu coração
Mas você vai aprender a lidar com isso
Algumas alegrias vão cortar sua respiração
(cuidado com amores alérgicos a compromisso)

Brinque, transgrida, estude,
Use chapéus engraçados e um brinco no nariz
Quando for necessário, mude
Outros caminhos, nova diretriz

Um dia, farta de tudo
E do mundo ser como é
Pegue o VISA do papai sortudo
e vá a Xangai, só pra ver qualé

Sinta frio de repente
Sinta saudade apertada
Vá perdendo o telefone
de quem ama uma hora marcada

E bem velhinha e grisalha,
dona de seu destino
tenha certezas enormes,
mantenha o medo pequenino

Veja as fotos antigas
Invente seu próprio passado
Faça a trilha das formigas
Arrume um novo namorado

Tenha um baú de tesouros
com fotos do Bobby Goren
Diga “Que homem formoso
Onde quer que seus ossos agora morem”

Pense em tudo que se foi
E dê-se conta num repente
“Tia Fal é quem tinha razão,
Não se fazem mais homens como antigamente.”


Tia Fal Azevedo, fazendo a gente chorar.

uma filmagem da nossa sala  

Posted by Max Amaral. in

As Leis de Deus  

Posted by Max Amaral. in

Nunca assisti, mas já ouvi falar de um programa de rádio de aconselhamento pessoal capitaneado por uma mulher chamada Laura Schlesinger. Uma conservadora de quatro costados, que se chama-se a si mesma no ar de "Dra. Laura", levando os ouvintes a acreditarem que ela é médica (ou psicóloga, ou psiquiatra) quando, na verdade, tem um PhD em biologia.

Bão, recebi um e-mail do que seria uma carta escrita para ela por um ouvinte do programa, mas tenho minhas dúvidas. Até porque grande parte dela está nessa cena de The West Wing aí embaixo, onde o Presidente Bartlett detona com a "Dra." Jacobs, uma personagem explicitamente calcada na Dra. Laura original (pena que não achei essa cena legendada).
Mas, de todo jeito, acho que vale a pena colocar o texto aqui. Chega a ser bem divertido. Só desculpa aí a tradução marromeno.

No seu programa de rádio, a Dra. Laura Schlesinger diz que, em sua visão, e de acordo com Levíticos 18:22, homossexualidade é uma abominação e deve ser condenada sob quaisquer circunstâncias.

A resposta a seguir é uma carta aberta enviada à Dra. Laura, escrita por um Americano e postada na internet. É engraçada, além de informativa:

Cara Dra. Laura:

Muito obrigado por seu trabalho educando pessoas sobre as Leis de Deus. Eu venho aprendendo muito com o seu programa, e tenho tentado compartilhar esse conhecimento com tantas pessoas quanto possível. Quando alguém tenta defender os direitos dos homossexuais, por exemplo, eu simplesmente lembro que Leviticos 18:22 claramente estabelece que isso é uma abominação, e é o fim da discussão.
No entanto, eu gostaria de lhe pedir alguns esclarecimentos sobre outras partes das Leis de Deus e como as seguir.
1. Leviticos 25:44 estabelece que eu posso ter escravos, tanto homens quanto mulheres, obtidos em nações vizinhas. Um amigo meu diz que isso se aplica a Mexicanos, mas não a Canadenses. A Senhora pode dar uma luz sobre isso? Por que eu não posso ter alguns Canadenses?

2. Eu gostaria de vender minha filha como escrava, como sancionado em Exodo 21:7. Em preços de hoje, e baseado na idade dela, quanto a Senhora acha que seria um preço justo que eu poderia pedir?
3. Eu sei que eu não devo ter nenhum contato com uma mulher enquanto ela estiver em seu impuro período menstrual - Lev. 15:19-24. O problema é como é que eu vou saber? Eu tenho tentado perguntar diretamente a elas, mas muitas mulheres ficam ofendidas.

4. Quando eu queimo um boi no altar como um sacrifício, eu sei que isso cria um odor que é agradável ao Senhor - Lev. 1:19. O problema são os meus vizinhos. Eles dizem que o odor não é agradável a eles. Eu devo começar a agredí-los?
5. Eu tenho um vizinho que insiste em trabalhar aos sábados. Exodus 35:2 claramente estabelece que ele deve ser morto. Eu sou moralmente obrigado a matá-lo eu mesmo ou devo chamar a polícia para fazer isso?

6. Um amigo meu acha que, mesmo sendo também uma abominação, comer frutos do mar - Lev. 11:10 - é uma abominação menor que a homossexualidade. A Senhora pode nos ajudar nisso? Existem gradações de abominação?

7. Lev. 21:20 determina que eu não posso me aproximar do altar de Deus se eu tenho uma falha na minha visão. Eu tenho que admitir que uso óculos para leitura. Minha visão tem que ser 20/20 ou dá para fazer vista grossa aqui?

8. Muitos de meus amigos têm seus cabelos cortados, incluindo o cabelo das têmporas, mesmo isso sendo expressamente proibido em Lev. 19:27. Como eles devem ser mortos?

9. Eu sei, a partir de Lev. 11:6-8, que tocar a pele de um porco morto me torna impuro. Eu ainda posso jogar futebol americano se eu usar luvas?

10. Meu tio tem uma fazenda. Ele viola Lev. 19:19 ao plantar dois tipos diferentes de cultura no mesmo campo, assim como sua esposa ao usar roupas feitas de dois tipos diferentes de tecido (algodão/poliester). Ele também tem a mania de praguejar e blasfemar muito. É realmente necessário que eu tenha todo o trabalho de juntar a cidade inteira para apedrejá-los? Lev. 24:10-16. Será que nós não podemos simplesmente queimá-los vivos em uma reunião familiar privada como nós deveríamos fazer com pessoas que dormem com os parentes de seu/sua esposo(a)? Lev. 20:14.

Eu sei que a Senhora tem estudado esses assuntos extensivamente e possui considerável expertise nessas matérias, então estou confiante em sua ajuda.
Obrigado novamente por nos ajudar a relembrar que a palavra de Deus é eterna e imutável.
Seu grande fã,

Livros  

Posted by Max Amaral. in

Desde que me mudei aqui para a gringolândia, notei que tenho lido menos. Sei lá por que, mas tenho.
E agora aconteceu uma coisa incrível: me deu um branco total radiante na hora de me lembrar quais foram os últimos livros que li. No último ano, me lembro d'Os Espiões, do Veríssimo, de uma edição anotada de Pride and Prejudice, de ter finalmente terminado o tijolo A History of the American People (Paul Johnson), The Pacific (Hugh Ambrose) e The Time Traveler's Wife (Audrey Niffenegger), mas eu sei que teve mais coisa aí no meio, e não tem como me lembrar. Tá bom, teve também um ou dois livros sobre Lamaze e o fenômeno The Silmarillion (Tolkien), um dos raríssimos livros que abandonei na vida por conta da chatice (e nem todo o meu amor pela Dê consegue me convencer de que tem algo que preste ali). E olha que eu gostei d'O Senhor dos Anéis, mas essa trama "...temos que encontrar o reino de Svotz, mas para isso precisamos da espada de Gliglow e montar no cavalo de Wakawaka em busca da gruta de Sleverson..." foi demais para mim.

Mas, pelo menos, uma coisa boa aconteceu: enquanto eu lia essas coisas de que não me lembro agora, eu fui comprando alguns bons livros para ler quando tivesse tempo, e esse tempo chegou. Acabei o excelente, excelente, excelente To Kill a Mockingbird (Harper Lee) e comecei Life of Pi (Yann Martel), que já me cativou. E tem outras coisas boas na estante, também, só esperando a hora.
E eu achando que tinha, de alguma forma, perdido o gosto pela leitura...

Tô chegando!  

Posted by Max Amaral. in

esse nariz... sei não, sei não...

America in Color  

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Deixa eu copiar um post do Chucrute com Salsicha, que vale muito a pena:




Este link de um blog de fotos do jornal Denver Post está sendo repassado alucinadamente pelo twitter desde a semana passada. Quando cliquei nele pela primeira vez, fiquei de boca aberta com o que vi—uma seleção de fotos coloridas tiradas por fotografos contratados pelo governo norte-americano para registrar as áreas rurais e pequenas cidades do país durante a depressão, entre 1939 e 1943. Num país da dimensão dos EUA e numa época em que a comunicação não era tão fácil, a população em muitas áreas de pobreza lutava e definhava sem o menor conhecimento do governo. O trabalho desses fotógrafos foi mostrar um pouco desse imenso interior isolado do país. As fotos são maravilhosas, expondo com uma clareza e honestidade cruel a pobreza e o cotidiano de uma grande parcela dos norte-americanos. O blog do jornal fez uma compilação muito bonita com um punhado dessas fotos, que hoje fazem parte do acervo da Biblioteca do Congresso.

Entrevistas  

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O primeiro me chegou...

A clínica é sensacional. Eu queria ter feito o projeto daquele prédio. Logo na entrada, a área de recepção tem áreas separadas para crianças "saudáveis", "doentes" e bebês. As paredes com pinturas muito bonitas, como se fosse um safari na África. Cada uma das muitas salas de exames (acho que 10) tem um tema específico: a sala E é a do Elefante, e tem uma pintura de um elefante lindão lá dentro. Os médicos garantem que atendem só um número pequeno de pacientes por dia, então não tem muita espera quando vc chegar lá com uma criança. O médico que fez a apresentação é um executivo eficientíssimo: de gravata (apesar dos cabelos compridos), fez uma apresentação de quase uma hora, mostrando as vantagens dali. Tentador.

O segundo me chegou...

O prédio não chega nem perto do primeiro, mas é bem organizado também. O problema é que são uns, sei lá, 12 médicos diferentes, e vc nunca sabe quem vai lhe atender quando você chegar lá. O médico que fez a apresentação (camisa "social", mas sem gravata) deu um pouco a impressão de que não tinha muito saco para essa tarefa de "vender" a clínica, e nos dispensou depois de algum tempo dizendo que tinha uma outra reunião. Impessoal, essa é a palavra.

O terceiro me chegou...

Um conjunto de salas em um prédio comercial meio velhinho. Não há uma "decoração" organizada, pensada. Quadros juntados ao longo dos anos pelas paredes. Não há separação na recepção. Quando chegamos lá, já no fim do expediente, ouvimos alguém tocando um violão e cantando a plenos pulmões. Sabe aqueles laboratórios de exames clínicos em Brasília que colocam alguém tocando para distrair (e irritar) os clientes? Me lembrou direitinho. Vamos para uma salinha pequena e, daí a pouco, chega o médico que iria fazer a apresentação da clínica: era quem estava tocando o violão. Camiseta velha e desbotada. Chinelos. Uma fala tão tranquila que chegou a me dar sono. Sem brincadeira, o cara parecia "emaconhado", sacumé? E toca a conversar com a Dê, vacinas são assim e assado, telefonemas são recebidos desse jeito, descobriram um passado comum na biologia molecular...

Advinha qual dos 3 a Denise gostou mais?