Poesia a uma hora dessas?!*  

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Eu escrevo com a minha lingua úmida
A palavra milagrosa em seu corpo,
E a palavra abre o segredo de suas carnes
E dá aos meus dentes o mundo quente e vermelho de suas entranhas.
Você sorri,
Você sorri suavemente,
E eu bebo o sangue de que são feitos os seus sorrisos
E deixo que seus olhos brinquem em baixo de minha língua como grandes balas de mel
Antes que rolem pela ingreme ladeira de minha faringe
E iluminem o mundo turvo do meu estômago.
Eu me levanto em seguida
E dou um sonoro arroto.
Limpo o sangue de meus lábios com seus cabelos
E jogo fora o que resta de você,
antes que apodreça.
Depois vou devagar e atento pela floresta,
Pelas ruas,
Pensando no jantar.

ABEL SILVA

*O Twitter tem umas coisas engraçadas. Uma das mais divertidas que conheço é acompanhar a Monica Mattos, atriz pornô que responde as perguntas mais cabeludas no formspring lá dela (tá bom, é muito possível que não seja ela quem responde, mas é divertido do mesmo jeito). E ela publicou esse poema lá, tempos atrás, e eu fiquei com ele na cabeça, mesmo sendo uma pessoa que prefere a prosa em 99,9% dos casos...

O verdadeiro George Clooney  

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Texto escrito por Luis Fernando Verissimo, e publicado n'O Globo de hoje.
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Longe de mim querer difamar alguém, mas acho que no caso do George Clooney o que está em jogo é a autoestima da nossa espécie, os homens que não são George Clooney. Todas as nossas qualidades e todos os nossos atributos, físicos e intelectuais, desaparecem na comparação com o George Clooney. As mulheres não escondem sua adoração pelo George Clooney. O próprio George Clooney nada faz para diminuir a idolatria e nos dar uma chance. Fica cada vez mais adorável, cada vez mais George Clooney. E se aproxima da perfeição. É bonito. É charmoso. É rico. É bom ator. Faz bons filmes. Está envolvido com as melhores causas. E que dentes! Não temos defesa contra esse massacre. Só nos resta a calúnia.

Os dentes são falsos. Ali onde elas veem pomos da face irresistíveis e um queixo decidido, há, obviamente, botox. Ele tem pernas finas e desvio no septo. É solteiro, portanto, claro, gay. Tem casa num dos lagos italianos, o que já é suspeito, e dizem que anda pelos seus chãos de mármore depois do banho de espuma vestindo um longo caftã bordado e sendo borrifado com perfumes florais pelo seu amante filipino Tongo, enquanto seu amante italiano, Rocco, prepara a salada de rúcula completamente nu. George Clooney bate na mãe todas as quintas-feiras. É extremamente burro. Só leu um livro até hoje e não lembra se foi O Pequeno Príncipe ou O Grande Gatsby. Nos filmes em que faz personagens mais reflexivos, contratam um dublê para as cenas dele pensando. Foi ele que propôs a demolição da Torre Eiffel porque já era mais que evidente que não encontrariam petróleo no local. E sua sovinice é lendária. Levou nadadeiras quando visitou Veneza, para não gastar com táxi.

É notório, em Hollywood, o mau hálito do George Clooney. Quando ele fala em algum evento público, as primeiras três fileiras do auditório sempre ficam vazias. Atrizes obrigadas a trabalhar com ele têm direito a um adicional por insalubridade, em dobro se houver cenas de beijo. Outra coisa: a asa. Não adiantam as imersões em espuma na sua banheira em forma de cisne, nem os perfumes florais borrifados, o cheiro persiste. Sabem que George Clooney e suas exilas se aproximam a metros de distância, e muita gente aproveita o aviso para fugir.

Além de tudo, tem seborreia e é Republicano.

Passe adiante.

iPad bêbado não tem dono  

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A Sora está se perguntando se ela se casa ou se compra um iPad, um Kindle, um Courier ou uma bicicleta, e eu resolvi colocar minha colher de pau nesse angu de caroço.

O Kindle (que é o leitor eletrônico de livros da Amazon) e seu concorrente da Sony, o Reader, são só isso: leitores eletrônicos. São limitados demais (principalmente por causa da tecnologia e-ink, que só mostra coisas em preto e branco) e, já que você vai investir em um gadget legalzinho, vá atrás de um que faça mais coisas.
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O Courier, da Microsoft, é um sonho. É (aparentemente) tão bom que parece mentira – e talvez seja. Li em algum lugar na internet que esse projeto é falso, divulgado apenas para fazer pressão sobre a concorrência. Miravam principalmente a Apple, que estava para lançar um novo produto que iria revolucionar o mercado, o iPad.
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Bão, o Steve Jobs apresentou o iPad ontem. E, apesar dos vídeos mostrarem um produto fabuloso, tem gente que acha que ele ficou devendo.

Lembra quando a Apple lançou o iMac e ficou todo mundo revoltado por que não tinha lugar para colocar disquete? Ou a revolta que existe pelo fato de o iPhone ser exclusivo da AT&T aqui nos EUA (o pior serviço dentre as operadoras de celular), ou de ter sua bateria lacrada?

Pois a Apple teria errado de novo ao criar um produto que tem restrições demais. Para resumir, traduzo (mal e porcamente) um artigo publicado no excelente site Gizmodo, 8 razões pelas quais o iPad não presta (acho que a melhor tradução desse título seria 8 coisinhas que fodem o iPad).

Um monte de gente aqui no Gizmodo está alucinada pelo iPad.
Eu não!
Eu estou é desapontado. Ele tem algumas falhas gigantescas, e comprar um é a última coisa que eu faria.

Uma enorme e horrorosa moldura.
Você viu a moldura em volta da tela dessa coisa?! É enorme! Eu sei que você não quer acidentalmente acionar algum comando quando seu dedão estiver segurando a coisa, mas qualé?!

Não é Multitarefa.
Isso é de matar. Se é para imaginarmos que essa coisa iria se um substituto para os Netbooks, como é possível que não seja multitarefa? Vocês estão dizendo que eu não posso escutar uma rádio na internet enquanto escrevo um documento? Que eu não posso ter meu Twitter aberto ao mesmo tempo que meu browser? Que eu não posso ter o Messenger aberto ao mesmo tempo que leio meus e-mails? Vocês estão gozando com a minha cara? Só isso já garante que eu nunca vou comprar esse produto.

Não tem cameras.
Não ter uma camera frontal é uma coisa. Mas não ter nem uma camerazinha atrás? Por que diabos não? Eu não consigo imaginar que grande economia se consegue não incluindo ao menos uma camera. Essa coisa não suporta vídeo iChat?

Teclado na tela sensível.
Esse é o mesmo grande e feioso teclado na tela sensível que nós temos visto em outros tablets e, a menos que você esteja sentado em um sofá com seus joelhos dobrados, é muito esquisito ou inconveniente para usar.

Não tem entradas para HDMI.
Quer assistir aqueles vídeos em alta definição que você baixou do iTunes na sua TV? Oh, que peninha, não dá. Mas se você for um leal Applemaníaco, você já deve ter comprado uma AppleTV.

O nome “iPad”.
Esteja preparado para montes de piadinhas com “Maxi pad”. Já tem montes por aí.
(NT: isso é meio intraduzível, mas Maxi pad é absorvente feminino aqui nos EUA, o equivalente ao Moddess).

Não roda Flash.
Não rodar Flash é um aborrecimento, mas não é algo que impeça alguém de comprar um iPhone ou um iPod Touch. Mas em algo que se supõe que está mais próximo a um netbook ou um laptop? Isso deixa enormes falhas em websites. E eu espero que você ligue muito para vídeos via streaming! Deus sabe que não são muitos os usuários normais de internet que se importam com isso. Peraí, esqueça: Todos os usuários de internet usam isso.
(NT: em uma nota divulgada hoje pela Adobe, eles afirmam que entre 70 a 75% de todos os sites da internet rodam uma ou outra versão do Flash. Deu para ver o tamanho do buraco?).

Adaptadores, adaptadores, adaptadores.
Se você quiser plugar qualquer coisa no iPad, como uma camera digital, você vai precisar de todo tipo de adaptadores feiosos. Era muito difícil colocar uma porta USB, era?


Update: Por que parar em 8? Tem mais coisas que nós estamos descobrindo que são um saco no iPad

A tela não é Widescreen.
Filmes em Widescreen parecem pobres graças à tela 4:3 do iPad. É como ter uma TV 4:3 de novo!

Não suporta T-Mobile 3G (NT: T-Mobile é uma operadora de celulares aqui)
Sim, é “desbloqueado”. Mas não funciona com a T-Mobile, e usa os novos chips microSIMs que, literalmente, ninguém mais usa. (NT: jogadinha “ixperta” da Apple: apenas a AT&T está disponibilizando esse tipo de chip).

Um ecossistema de aplicativos fechado.
O iPad só roda aplicativos que você adquirir da App Store. A mesma App Store que está notoriamente banindo aplicativos por nenhuma razão real, como o Google Voice. OK, netbooks não têm telas sensíveis ao toque, mas você pode instalar qualquer software que você queira neles. Quer rodar um browser diferente no seu iPad? Oh, que peninha...


Além disso tudo, li mais duas coisinhas:

Só armazena 64GB de dados.
Se esperava um pouco mais de memória no iPad. Mesmo o mais básico dos netbooks tem um hard drive de 160 GB. Armazenamento virtual (cloud storage) pode ajudar com os dados, mas não é substituto para capacidade embarcada.

Só baixa livros da loja do iTunes.
O iBook tem potencial para desbancar o Kindle e o Sony como leitores eletrônicos – principalmente por causa do uso de cores. Mas você não vai poder ler nele um livro disponibilizado pela biblioteca do seu bairro (aqui nos EUA). Na verdade, a Apple já anunciou que, fora de terras Yankees, o iBook não vai ser vendido – aparentemente, problemas com direitos autorais.


Mas eu falei muito sobre o que o iPad NÃO faz. Se você ainda tem paciência para ler algo sobre esse assunto, esse artigo aqui é ótimo para dizer o que ele faz.

O iPad é o gadget que a gente nem sabia que precisava.

Boa escolha do seu brinquedo novo. Eu ainda não me decidi.

A importância das Séries de TV para o desenvolvimento das relações humanas  

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É fato público e notório que homens e mulheres não se entendem.
Na verdade, há teorias muito bem fundamentadas por aí que provam, sem nenhuma margem de dúvida, que homens e mulheres são, na verdade, duas espécies completamente diferentes, condenadas a dividir o mesmo planeta até o fim dos tempos (dezembro de 2012, se podemos confiar em Hollywood e nos Maias).
Não que isso implique que homens e mulheres não possam compartilhar alegrias e tristezas, trabalhar juntos por sonhos comuns e até mesmo conviverem pacifica e harmoniosamente de vez em quando. Mas vão continuar eternamente sem conseguir chegar nem perto de entender o que o outro quer da vida.
Para nos ajudar nessa difícil tarefa de vencer as dificuldades de relacionamentos que têm toda a chance de fracassar, visto que já nascem com essa irremediável dificuldade de comunicação, podemos contar com os livros de auto-ajuda, o programa da Oprah, as revistas femininas ou os seriados cômicos de televisão que trazem, embutidos entre piadas mais ou menos engraçadas, grandes verdades universais.
Tomemos como exemplo esse diálogo entre 3 homens na série inglesa “Coupling”, exibida pela BBC.
Aqui, dois dos protagonistas (Steve e Patrick), com maior experiência em lidar com mulheres, explicam algumas verdades simples para o terceiro (Jeff), que acabou de iniciar um relacionamento:



Steve – Existem 3 coisas que todo homem deve saber, Jeff, e já é hora de você saber também.
Você nunca vai ser famoso,
Você é mais gordo do que você pensa e
a mais importante de todas,
as mulheres não continuam usando meias 7/8 e ligas depois que um relacionamento engata.

Jeff (alterado) – Julia SEMPRE usa meias e ligas!

(Steve e Patrick riem)

Jeff – Não, sério! Ela sempre usa. E ela sempre vai usar, ela falou para mim. Na verdade, Julia me disse que ela...

Jeff, Steve e Patrick, ao mesmo tempo - ...prefere usar meias e ligas.

Jeff – O quê?

Steve – Meias e ligas não são reais, Jeff. Elas são um mito.

Jeff – Meias e ligas são reais. Eu já vi.

Steve – Ah, claro, existem algumas meias e ligas por aí mas, o quê? uns 10 pares em todo o planeta?

Patrick – 10, no máximo.

Steve – 10 pares para todas as mulheres do mundo. Elas dividem entre si.
Steve (fazendo uma voz feminina) – Oh, Julia, você está com um novo namorado? Sua vez de usar as meias, então. Mas nós precisamos delas de novo na terça, tem um aniversário na Nova Zelândia.

Jeff – Terça?

Steve – As meias e as ligas vão desaparecer, Jeff. Elas vão simplesmente desaparecer no ar...

Jeff (desconsolado) – Isso não é verdade!

Patrick – OK. As calcinhas da Julia... São pequenas?

Jeff (sorrindo) – Sim, pequeninhas. Realmente minúsculas.

Steve – Alguma coisa entre um fio de cabelo e um truque de luz?

Jeff – Você pode acidentalmente engolir 3 delas em um único gole. Podem acreditar em mim.

Patrick – Fabulosas, não são?

Jeff – Elas não são como calcinhas reais, são mais como fantasmas de calcinhas.

Patrick – Jeff?

Jeff – Sim?

Patrick – Elas espicham.

Jeff – Como?

Patrick – Calcinhas. Elas espicham. E crescem.

Steve – Experts podem determinar a idade de um relacionamento apenas pelo tamanho das calcinhas.

Patrick – Você começa com uma sexy, pequenina fio-dental...

Steve - ... e um dia você está olhando para algo que pode ser usado como um trampolim de um tamanho decente.

Jeff – Isso não vai acontecer comigo e com a Julia!

Steve – Jeff, Jeff... Antes que você perceba, você vai estar sentado em um sofá com a Julia, ela vai estar usando calcinhas grandes o bastante para cobrir toda a Suíça. E você vai descobrir que você não será capaz de fazer o menor movimento sem que ela pergunte: Onde você vai?
A cada momento: Onde você vai?
Ela nem vai perceber que ela está dizendo isso de novo e de novo. É como se você tivesse se acoplado um sensor de movimento.
E então, você vai notar que sua casa está coberta de sapatos. Sapatos. Sapatos em toda parte.
Por que é que elas têm tantos sapatos?
Elas têm pés extras e nós não percebemos isso?
Nascem filas de pés nelas enquanto nós estamos dormindo? E eles saem marchando pela noite, gritando “Onde você vai? Onde você vai?...
Humm... Desculpem. Divaguei um pouco aqui.


Como queríamos demonstrar, o abismo entre o que homens e mulheres priorizam e seus comportamentos é praticamente intransponível.
Mas vamos continuar tentando.

El President  

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I rest my case.

Ampliando a voz dos inteligentes  

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Copiei o texto abaixo do blog da Cynthia. Sensacional.
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Não há mesmo nada tão horrível que não possa ser piorado por algum fanático (ou hipócrita, ou as duas coisas) filho da puta dizendo às pessoas que sofrem, enquanto sofrem, que a culpa da tragédia que acaba de acontecer é delas, unicamente por não acreditarem no que ele (o fanático hipócrita) acredita - ou acha que todo mundo deveria acreditar. Por isso achei oportuno traduzir, pra quem ainda não tiver ouvido falar nisso, ou não domine o inglês, a resposta que uma leitora do jornal Star-Tribune, de Minneapolis, nos Estados Unidos, deu ao tele-evangelista Pat Robertson, que atribuiu a culpa do terremoto no Haiti aos haitianos, por terem supostamente feito um pacto com o demo. Isso mesmo, ele afirma que a nação inteira foi pra encruzilhada e firmou contrato com o coisa-ruim. Li a carta aqui, e traduzi tanto o que ela dizia quanto o prólogo do blogueiro que a publicou. Devo registrar que, na minha versão da carta satânica, tomei algumas (bem poucas) liberdades com o estilo, só pra dar um caráter mais bem-humorado e informal. Afinal, tenho certeza de que o diabo, se houver, deve ser muito mais íntimo do reverendo Robertson do que dos milhares de pobres vítimas do terremoto no Haiti.

“O jornal Minneapolis Star-Tribune publicou uma carta de Satã para o pastor Pat Robertson, em resposta ao seu comentário afirmando que os vários problemas do Haiti, incluindo o terremoto, seriam resultado de um pacto que o país teria feito com o demônio. Na verdade, não foi Satã quem escreveu a carta, mas sim Lilly Coyle, de Minneapolis, que a escreveu como se fosse o chefe do inferno. Acho que ela se saiu muito bem. E você ?

Querido Pat Robertson,

Eu sei que você sabe que qualquer publicidade é boa publicidade, então deixe-me dizer, antes de qualquer outra coisa, que eu apreciei o comercial. E você fez Deus parecer um babaca cruel, que chuta as pessoas quando elas já estão no chão, então achei bem legal.

Mas quando você diz que o Haiti fez um pacto comigo, aí a coisa muda de figura : fica totalmente humilhante pra mim. Eu posso ser a encarnação do Mal, mas não sou nenhum moleque. Do jeito que você colocou a coisa, ficou parecendo que um pacto comigo deixa as pessoas desesperadas e empobrecidas. Tá bom, claro que deixa, mas só no além. É bom lembrar que quando eu faço um trato com as pessoas, primeiro elas ganham alguma coisa aqui na Terra : glamour, beleza, talento, dinheiro, fama, glória, um violino de ouro. Os haitianos não têm nada, e eu quero dizer nada mesmo. E já não tinham desde antes do terremoto. Você nunca assistiu a “Crossroads” ? Ou “Malditos Yankees” ? Se eu tivesse algum negócio rolando com o Haiti, pode acreditar que eles teriam montes de bancos, arranha-céus, SUVs, boates exclusivas, botox – esse tipo de coisa. Um índice de pobreza de 80% não é meu estilo, não mesmo. Nada contra, só estou dizendo : não é assim que eu trabalho.

Você vem fazendo um excelente trabalho, Pat, e eu não quero cortar suas asinhas, mas peraí, assim você me deixa mal na foto. E não quero dizer “mal” do jeito bom. Continue culpando Deus, tudo bem. Isso funciona. Mas me deixe fora disso, por favor. Do contrário, posso ser obrigado a rever seu contrato comigo.

Boa sorte


Satã.

LILY COYLE, MINNEAPOLIS”

É isso aí, Lilly Coyle. Sua carta deveria ser publicada no mundo todo, e pregada na testa do tal Robertson com supercola. Seria o correspondente ao aviso na lateral dos maços de cigarro e na frente dos tambores de lixo nuclear e das latinhas de veneno pra rato. Pode até ser que não funcionasse pra manter os menos intelectualmente dotados longe da mente e da língua tóxicas desse tipo de gente. Mas pelo menos já deixava todo mundo avisado.

Joey: uma amostragem  

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Eu não sou fofa?

Na verdade, eu tenho planos de conquistar o mundo com minha beleza incomparável e intelecto superior...

Mas, por enquanto, eu fico apenas posando de "bonitinha"...

Eu imito tudo o que o Grandão faz (aqui, escalando o barbudo. Ele é quentinho, dá para tirar umas sonecas boas em cima dele).

Manu não gosta de dormir em cima do barbudo, não. Mas ela gosta de ficar no caminho...

é bom subir na Mamãe, também. Mas ela não para quieta. E ela gosta de ficar me pegando e me agarrando, e eu só gosto de colo quando EU quero...

O Grandão não deixa o barbudo estudar, não. Burrice dele.

Eu não atrapalho. Fico por perto, oferecendo ajuda...

investigando tudo o que aparece...

e, diferentemente de "certos" gatos, eu tenho verdadeira idéia do meu tamanho...

Mensagem urgente para a Rubeolina  

Posted by Max Amaral. in


Cara Rube,


a gente ficou pensando em te mandar uma mensagem de celular logo que saímos do cinema, mas ia ser 4 da manhã aí, vc iria acordar assustada, desistimos.

Mas vá ver Up in the Air. Hoje. Arrasta a Nanix pelos cabelos, se for preciso.

Acredita na gente.


beijins,


pe esse: o nome dele aí é "Amor sem Escalas"?!!?


'cê tá rindo do meu cabelo!!

questão racial  

Posted by Max Amaral. in

uéu,
quando nós pensamos em adotar um terceiro gato, havia algumas coisinhas que achávamos que seria interessante:
1. Ser fêmea, para não "ameaçar" muito o O'Malley e ter uma convivência pacífica com ele. Além disso, seria uma companheira para a Manu.
2. Ser filhote, para não "ameaçar" muito o O'Malley e para a Manu poder exercitar seus instintos maternos.
3. E ser grande, para poder encarar o O'Malley de frente, quando ele desse uma de bully (99,99% do tempo) e proteger a Manu dele - ou, pelo menos, dividir com ela a agressividade dele, quando ele estivesse com a vó atrás do toco.
Por causa desse item 3 aí, principalmente, nosso plano era tentar achar uma Maine Coon, uma raça de gatos que é chamada de "os gigantes gentis", ou algo parecido. Eles ficam mesmo muito grandes (maiores que o O'Malley), mas são quietos, carinhosos, enfim, você entendeu. (Podia também ser um Siberiano, ou um Norwegian Forest, as características são praticamente as mesmas).
Bão, havia um impedimento: essas raças são valorizadíssimas e, se você quiser um filhote, tem que se preparar para desembolsar uns US$800 ou US$ 1.000,00 por um, e achamos isso um absurdo! Tanto gatinho lindo em abrigos, e você paga uma fortuna por um? Para que?
Enfim, achamos a Joey. Em um abrigo. E tudo indicava que ela era uma Maine Coon (o M na testa, os tufos de cabelos nas orelhas, o rabo, o porte, o tamanho das patas, o formato da cabeça e, principalmente, o fato de a moça lá do abrigo ter dito que os pais dela eram Maine Coons (dããã!).
Mas ela não é. Ela não vem do Maine, ou da Sibéria, ou da Noruega.
Pelo jeito desesperado que ela come, como se não fosse haver um amanhã, estamos praticamente certos de que ela vem da Etiópia, e está tentando compensar o problema de desnutrição do continente africano inteiro aqui em casa.
Alguém aí tem algum dado sobre gatos Etíopes?

O avesso de 'Avatar'  

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Tá bom, é a última vez que falo de Avatar, prometo.
Mas eu estava encafifado: Eu e a Dê saímos do filme mesmerizados com a técnica mas, também, com o conteúdo, a mensagem, simples e honesta em nossa opinião. Imaginamos que a direita americana iria detestar o filme (na verdade, todas as direitas), mas eu fiquei espantado com a quantidade de críticas ao filme, de como ele era "vazio", "raso", essas coisas.
Bão, n'O Globo de hoje, o Arnaldo Bloch publicou uma crítica que achei muito interessante, e que bate muito com a nossa opinião, também. Então, taí. E juro que não volto mais a esse assunto.
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Diálogo inusitado na saída de uma sessão de cinema em Botafogo: o maior sucesso de bilheteria dos últimos anos é um épico banal ou um novo marco ético?

Por Arnaldo Bloch

Ao final da sessão de 17h30m de “Avatar”, versão dublada, na última sexta-feira, sala 4 do Arteplex Botafogo (à qual este repórter a serviço da Página Logo esteve presente após gramar quase uma semana inteira para conseguir ingresso), o público aplaudiu entusiasticamente, invadindo os créditos com um tipo de euforia que, nos dias de hoje, em se tratando de cinema, só acontece, se for o caso, em préestreias, noites de convidados, festivais ou cabines de imprensa.

- Ora, isso só aconteceu porque a projeção era em 3-D! - explicou, na saída, um rapaz, à sua namorada, que estranhara tamanho oba-oba numa sessão ordinária, para um público comum.

Absolutamente mesmerizado pelo filme apesar de ter ido preparado para detestá-lo, o repórter-Logo, sempre pronto para provocar uma confusão, interpelou o casal:

- Não é nada disso. Os aplausos são para o conteúdo, que a forma e a projeção só valorizam.
- Que conteúdo? - reagiu o rapaz. - Trata-se de um filme raso, superficial, como tudo o que se faz hoje na América.
- Você pode até querer que seja isso, eu mesmo queria que fosse isso, mas sinto informar que não é. O público, mesmo sem saber, aplaudiu a convergência entre uma bela aventura épica e o advento, em nossas vidas, de uma nova ética.
- Naturalmente você fumou um baseado.
- Não fumei não, e nem precisava: nesse sentido, o 3-D, sim, deu uma onda semelhante.

Mas a mensagem do filme é cristalina: na Terra condenada que se anuncia para um futuro próximo, com a natureza devastada e as ideologias mortas, o anarcocapitalismo a imperar e as pessoas vivendo exclusivamente no ambiente digital, é justamente nesse ambiente, em radical paradoxo, que se projetará a salvação. O messias, claro, como já sugeria “Matrix” (mas de um modo um tanto obscurantista) terá a identidade de um avatar.
A esta altura, a namorada, que não tem qualquer interesse em entrar na conversa, anuncia que vai fazer um “pips”.
Casualmente, eu e meu antagonista, que guarda uma expressão de espanto jocoso ante meu arroubo, caminhamos na direção do café.

- Cara, você enlouqueceu, e digo mais: está completamente colonizado.
- Colonizado? A direita americana está furiosa com o filme! O que, aliás, é uma bobagem: “Avatar” não critica o imperialismo ianque. Seu foco está numa aliança difusa entre capital e o poder bélico, aliança essa que data de milênios. Assim como a corporação e os soldados mercenários que tentam, à força, expropriar os aborígines do planeta Pandora de riquezas minerais que os próprios índios desconhecem, os povos, no decorrer de toda nossa História, trataram de usurpar, à força, as terras e as riquezas de outros povos. Assim os espanhóis dizimaram dezenas de milhões de índios. Assim conhecimentos preciosos de povos antigos se consumiram em chamas. Assim a relação do homem com seu habitat foi perdendo sua conexão original e sendo substituída por uma razão utilitária que, hoje, se revela falível. Não à toa, a tal da nova ética começa, pragmaticamente, a se impor, muito embora a práxis esteja para lá de atrasada.
- Quer dizer que você viu tudo isso em “Avatar” e acha que os pais e as criancinhas presentes, que aplaudiram no final, viram também.
- Viram. Não com essas palavras. Não com essa racionalização. Mas sentiram. Conectaram-se com a árvore das almas dos aborígines, conectaram-se com sua ancestralidade, não num sentido sobrenatural, mas cognitivo, arquetípico, de um sentimento que está à flor da pele dos nossos dias: estamos nos afastando de nós mesmos, perdidos em pequenos monitores manuais e tentando projetar, na virtualidade, algo de nós que ainda faça sentido: nosso avatar tem duas caras, uma que aponta para nossa perdição, nossa rendição ao caos; outra que aponta para nossa salvação, que acontecerá no dia em que os elementos que outrora se consideraram ocultos e mesmo as “divindades” da floresta revelarem-se parte de um design inteligente: a natureza tem as suas sinapses, a sua lógica dentro do caos, e a convergência desse “pensamento” da natureza com a tecnologia irá projetar a saída que estamos procurando para a prisão que construímos para nós mesmos.
- Rapaz, estou espantado. Acho que você deveria fazer um filme sobre isso.
- Ride, paglacci!
- Mas me diga aí: como é que eu não vi nada isso? Como é que eu não senti nada disso? Como é que eu não aplaudi, se sou instruído, lido, educado, intelectualizado?
- Já te disse: você veio aqui imbuído de uma verdade prévia, a de que era mais uma merda americana superficial. Em geral, é mesmo. Cinema hoje é quase sempre isso, inclusive o europeu, o asiático, o brasileiro: uma merda atrás da outra. Arte, conteúdo e simplicidade, em cinema, num filme só, é exceção. “Avatar” é uma delas.
- Então tá. Quem sou eu para discutir? Vai ver sou seu avatar do mal.
- Acredite: esse filme é do bem. Você já foi à Amazônia? Já esteve no meio de índios? Já tomou o chá dos índios?
- Eureka! Sabia que tinha bagulho no meio!
- Confesso que sou ligado numa mentalidade indígena. Não interessa se as suas divindades existem ou não: eles creem na natureza, como, aliás, também as culturas africanas, e essa reverência é salutar, e o conhecimento que eles tentam preservar tem um valor que só agora começa a ser reconhecido. Não são só os índios, mas qualquer grupamento cujos valores são destruídos. Se lembra da tal da lenda esquecida de que quando o mar recua ele depois volta com violência? Se ela tivesse se disseminado nas escolas do sudeste asiático, muita gente em vez de ficar imóvel, pasma, quando o mar recuou, teria se salvado, e não apenas aquelas da tal aldeia isolada onde este conhecimento permanecia. A tal da corrente sináptica da árvore das almas dos aborígines do filme é exatamente isso: a informação compartilhada entre as culturas, e não sua destruição em troca de dinheiro e poder, produz uma cadeia de conhecimento que leva a uma evolução em progressão geométrica. Essa evolução vem sendo refreada pelas contradições da natureza humana. Curiosamente, a palavra da moda, na internet, é compartilhar! Tou te dizendo, rapaz, a salvação virá daí, quando as sociedades tribais que se multipolarizam na rede se organizarem, como na revolta que acontece no planeta Pandora. A revolução final nascerá da canalização da informação e do conhecimento perdidos para a harmonia ecossocial.
- Tá bom, tá bom, me convenceu.
- Que isso, eu não estou aqui para explicar, mas para confundir!
Neste momento, a namorada voltou de seu “pips”. Sem nos despedirmos, eu e meu relutante avatar nos afastamos.

Avatar... de novo  

Posted by Max Amaral. in

Não, ainda não fomos ver Avatar de novo. Mas vamos.
E eu ainda não consigo entender a quantidade de críticas ao filme, mas não vou ficar perdendo meu tempo em bate-bocas que não levam a nada.

De todo jeito, se tem uma crítica que eu gostei foi dessa aqui:
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Piadinhas inteligentes são sempre vem vindas...

mais Veríssimo  

Posted by Andrehpa in

"... me lembrava das noites que passava em claro, lendo obsessivamente, como um devoto, com a lâmpada acesa sob a coberta quando minha mãe me mandava parar para dormir, e das minhas próprias fantasias de ser escritor, fazer livros, pertencer à confraria dos que urdiam aquelas maravilhas. O Dubin dizia que a má literatura é a literatura em estado puro, intocada por distrações como estilo, invenção, graça ou significado, reduzida apenas ao ímpeto de escrever, à magnífica compulsão. [...] Todos nós merecíamos pertencer à irmandade dos que escrevem, só por querer. Era admirável aquela necessidade de escrever, com ou sem talento, fosse para abrir um coração ferido antes de fechá-lo para sempre... ou para bobagens como "Astrologia e Amor", do Fulvio Edmar..."
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Luis Fernando Veríssimo, in Os Espiões (Ed. Alfaguara).

Veríssimo e James  

Posted by Andrehpa in

A Sonia contou, lá no blog dela, do livro que ganhou do João Miguel e de como ele sabe dar presentes (um elogio e tanto feito pela mais talentosa escolhedora de regalos que eu já conheci).


Mas "Seu" Raimundo e D. Néia, meus sogros, mandaram um pacote de Natal para a gente que, também, é um assombro no quesito "presente certo para a pessoa certa": Para a Dê, "The Portrait of a Lady" do Henry James, uma daquelas edições bonitas, pequenininha, pesada, papel bíblia, parece algo que você teria nas mãos no século XIX. Ela fica aqui acarinhando o livro e acho que ler o dito cujo vai ser só um detalhe.



Para mim, mandaram o livro novo do Veríssimo, "Os Espiões". Devorei, rindo e me emocionando com o talento do sujeito (que só não é o grande cerumano de nosso tempo por ser um petista roxo, e ainda achar que há justificativas para isso, mas deixa prá lá).

E fiquei me lembrando do meu tio Zé, que não se conforma com o fato de que o Gabriel Garcia Marques não ter conhecido nossa família no interior de Minas e não pode escrever uma grande obra de realismo fantástico baseado nas histórias malucas vividas pelos Amarais, Vales e agregados.

Tio, vai ler esse livro. Tá certo que grande parte dele se passa em uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Sul, mas tá lá nossa Barbacena e nossa Carandaí, direitinho.
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"... a igreja matriz costuma encher aos sábados à tarde, que é quando o padre Bruno ouve confissões. A maioria não vai para se confessar, vai para ouvir as confissões dos outros. Como padre Bruno é surdo, os fiéis são obrigados a gritar seus pecados, e não é raro um murmúrio percorrer a platéia quando um pecado surpreendente emanda do confessionário, depois de um "Hein?" do padre Bruno.
- Tive pensamentos impuros com o Arlindo, padre.
- Hein?
- Tive pensamentos impuros com o Arlindo!
- Quem?
..."

10 anos  

Posted by Andrehpa in

10 anos atrás, estávamos todos com medo do que o bug do milênio faria com os computadores do mundo inteiro na virada de 1999 para 2000.

No final das contas, nada de grave aconteceu. Mas é impressionante pensar que 10 anos já se passaram.

Definitivamente, não estou ficando mais novo a cada dia.

Feliz ano novo para todo mundo.

Que esse ano seja 10!